Uma Lenda de Obaluaiê / Omulu
<!--[if !supportLists]--> <!--[endif]-->Um dia, caminhando pelo mundo, Obaluaiê sentiu fome e pediu às pessoas de uma aldeia por onde passava que lhe dessem comida e água. Mas as pessoas, assustadas com o homem coberto desde a cabeça com palhas, expulsaram-no da aldeia e não lhe deram nada.
<!--[if !supportLists]--> <!--[endif]-->Obaluaiê, triste e angustiado, saiu do povoado e continuou pelos arredores, observando as pessoas. Durante este tempo, os dias esquentaram, o sol queimou as plantações, as mulheres ficaram estéreis, as crianças cheias de varíola, os homens doentes. Acreditando que o desconhecido coberto de palha amaldiçoara o lugar, imploraram seu perdão e pediram que ele novamente pisasse na terra seca.
<!--[if !supportLists]--> Ainda com fome e sede, Obaluaiê atendeu ao pedido dos moradores do lugar e novamente entrou na aldeia, fazendo com que todo o mal acabasse. Então homens o alimentaram e lhe deram de beber, rendendo-lhe muitas homenagens. Foi quando Obaluaiê disse que jamais negassem alimento e água a quem quer fosse, tivesse a aparência que tivesse. E seguiu seu caminho.
<!--[if !supportLists]--> <!--[endif]-->Chegando à sua terra, encontrou uma imensa festa dos orixás. Como não se sentia bem entrando numa festa coberto de palhas, ficou observando pelas frestas da casa. Neste momento Iansã, a deusa dos ventos, o viu nesta situação e, com seus ventos levantou as palhas, deixando que todos vissem um belo homem, já sem nenhuma marca, forte, cheio de energia e virilidade. E dançou com ele pela noite adentro. A partir deste dia, Obaluaiê e Iansã-Balé se uniram contra o poder da morte, das doenças e dos espíritos dos mortos, evitando que desgraças aconteçam aos homens.
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<!--[if !supportLists]--> <!--[endif]-->In "Mitologia dos Orixás"de Reginaldo Prandi, Ed. Companhia das Letras.(adaptado)
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Compreendemos, através da leitura desta lenda, que há um conjunto de dualidades associadas à energia deste Orixá, cujo nome, Obaluaiê/ Omulu encerra em si próprio essa mesma dicotomia: se por um lado Ele é a energia ligada ao sol, que em demasia provoca a seca, a infertilidade, a doença, é também a energia que cura, que aquece. É o Orixá que tanto traz consigo a peste, a varíola, que torna as mulheres estéreis, como é a cura para todas as doenças, a energia que permite a vida no planeta.
É também o Orixá que representa a evolução espiritual do ser humano. No texto, Obaluaiê perdoa os homens por lhe terem recusado comida e água, “ainda com fome e sede” e faz com que o mal acabe. Esta passagem demonstra o quanto a sua energia está ligada quer à doença, quer à cura espiritual, à evolução. Estamos doentes, quando temos dentro de nós sentimentos de intolerância, arrogância para com o próximo, quando só damos importância ao aspecto exterior dos nossos semelhantes, menosprezando as suas qualiades e sentimentos. Podemos evoluir, se seguirmos o exemplo que nos é trazido na lenda por Obaluaiê. Só através do perdão, da humildade, da tolerância, caridade e amor incondicional é que sentiremos a irradiação divina deste Orixá, alcançando a cura, mental e espiritual.
Mas, Obaluaiê não é responsável pela nossa evolução só em vida. Ele também está ligado, enquanto Omulu, ao nosso desencarne, é responsável pela nossa passagem. E tal como diz a lenda, é com a ajuda de Iansã, dividindo com Ela os seu domínios na calunga, que Ele, o “Guardião das Almas”, o “Senhor das passagens”, através da sua irradiação divina, nos protege e nos ampara com amor, conduzindo-nos sempre de acordo com o nosso merecimento, permitindo assim que continuemos a evoluir, para que um dia possamos chegar mais perto do Criador! Atôtô Meu Pai!
A.T.U.P.O. - Mary Nogueira
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