Lenda de Xangô
Xangô e seus homens lutavam com um inimigo implacável. Os guerreiros de Xangô, capturados pelo inimigo, eram mutilados e torturados até à morte, sem piedade nem compaixão. As atrocidades já não tinham limites.
O inimigo mandava entregar a Xangô os seus homens aos pedaços. Xangô estava desesperado e enfurecido. Então, subiu no alto de uma pedreira perto do acampamento e dali consultou Orunmilá sobre o que fazer. Xangô pediu ajuda a Orunmilá.
Xangô estava irado e começou a bater nas pedras com o oxé, o seu machado duplo. O machado arrancava das pedras faíscas, que acendiam no ar famintas línguas de fogo, que devoravam os soldados inimigos. A guerra perdida foi se transformando em vitória.
Xangô ganhou a guerra. Os chefes inimigos que haviam ordenado o massacre dos soldados de Xangô foram dizimados por um raio que Xangô disparou no auge da fúria. Mas os soldados que sobreviveram foram poupados por Xangô.
A partir daí, o senso de justiça de Xangô foi admirado e cantado por todos.
Através dos séculos, os Orixás e os homens têm recorrido a Xangô para resolver todo o tipo de pendência, julgar as discordâncias e administrar justiça.
In "Mitologia dos Orixás"de Reginaldo Prandi, Ed. Companhia das Letras.
Esta lenda de Xangô revela, de uma forma clara, um dos fundamentos ligados a este Orixá: a justiça! Não uma justiça terrena, no sentido do julgamento humano, mas uma justiça baseada no sentido divino, que se traduz na seguinte expressão: “quem deve paga, quem merece recebe!” Quando o Orixá se revolta contra as atrocidades , bate com o seu machado nas pedras e o fogo divino que daí sai, traz com ele a vitória merecida. Nesta passagem, percebemos que a energia do Orixá está presente no fogo, nos trovões, sendo as pedreiras o seu ponto de força e que a sua representação está ainda associada a um machado com dois lados iguais, o Oxé. Tal como mostra a lenda, é através da força do seu machado que o Orixá acaba com as pendências e as discórdias. Como o seu machado, Xangô carrega o conhecimento dos dois lados, das duas lâminas, igualmente afiadas, mas coloca-se no centro, em perfeito equilíbrio. É a força de Xangô, providenciando para que a lei da acção e reacção, a lei kármica se façam cumprir, para que o equilíbrio seja restaurado, para que a justiça divina se faça sentir! Kaô kabiecilê Xangô!
A.T.U.P.O. - Mary Nogueira
Ola Boa tarde, poderia me enviar esse desenho em um resolução maior ?
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