sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A Mediunidade


A Mediunidade

Uma das características da Umbanda que mais fascina e, simultaneamente, mais assusta as pessoas que frequentam um Templo Umbandista é a mediunidade; mais especificamente as incorporações.

O termo mediunidade foi criado pelo codificador do espiritismo, Allan Kardec, no final do século XIX, querendo assim designar a capacidade do ser Humano em comunicar-se com o plano astral, sendo designado por médium todo o indivíduo capaz de servir de meio de comunicação ou intermediário entre o plano físico e o plano astral. O fenómeno mediúnico caracteriza-se pela cedência do corpo e da mente, por parte do médium a outra inteligência, a outro espírito. Ou seja, o médium percebe ou capta a presença de espíritos, de seres e de energias de outros planos astrais.

Aqui coloca-se uma questão: todas as pessoas são médiuns? Existe alguém que de alguma forma não tenha alguma interacção, ou que não sofra nenhuma influência de outros planos, dos espíritos, e que por tal não seja considerado médium? Certamente a resposta será que, de uma forma ou de outra, sempre seremos influenciados, e sentiremos a presença de outras energias e espíritos, considerando-se por isso que todos os seres humanos são médiuns. No entanto, é necessário distinguir a “mediunidade comum” da “mediunidade de trabalho”. Para além da intuição e da sensibilidade às energias que nos rodeiam, que são consideradas as manifestações mais comuns da mediunidade e que todos possuímos em maior ou menor grau, existem outras formas de manifestação da mediunidade que permitem que um individuo sirva de meio de comunicação directa entre os planos astral e físico, possibilitando que os espíritos, guias ou entidades expressem a sua vontade, força e palavras de forma inteligível. São estas formas de mediunidade que são consideradas “mediunidade de trabalho” entre as quais contamos com a incorporação, a vidência, a psicografia, a mediunidade de cura, entre outras. Mas é importante esclarecer que a “mediunidade de trabalho” em hipótese alguma constitui um dom ou uma dádiva ou torna alguém melhor, mais especial ou abençoado que os seus semelhantes. É sim, uma faculdade que nos foi atribuída por Deus, para que através da mesma possamos resgatar as nossas dívidas kármicas e simultaneamente transmitir a vontade e a força dos Orixás, permitindo que outros espíritos possam receber a ajuda das energias divinas e evoluir. Ou seja, o médium é um espírito igual a todos os outros, e como todos, deve buscar o seu aprimoramento, abdicando das suas vaidades, orgulhos e do seu egoísmo. É um ser que dentre inúmeras ferramentas que os Orixás nos dão, recebe a ferramenta chamada mediunidade. Mas, ao mesmo tempo em que não é um dom com certeza é uma responsabilidade, pois deverá fazer bom uso da sua faculdade. Se a mediunidade é um instrumento, uma ferramenta, cabe a cada médium, utilizá-la com muita fé, amor e responsabilidade. Ser médium implica uma profunda reforma íntima, designadamente a nível moral, de valores e atitudes, ou seja, da forma de ser e estar na vida. Assumir a responsabilidade do exercício da mediunidade é assumir o caminho da rectidão, da fé e do amor incondicional.

Muito mais há para dizer sobre a mediunidade, mas fica para uma próxima oportunidade.

Que Oxalá abençoe e ilumine a todos.

A.T.U.P.O. - Bernardo Cruz

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